*O RECADO ESTÁ DADO.*
Olá dona AIDS, eu escrevo essa carta para mandar notícias aqui do meu mundo, eu sou soro positivo, e sinto-me tão devastado por sua presença na vida das pessoas que eu amo, entendo que por muitas as vezes a senhora se aproveita das fraquezas alheias para se instalar como uma visita indesejada constante, isso faz com que eu me sinta culpado, culpado por não ter sido mais chato ou insistente com as pessoas para se cuidarem, se previnirem, mas o que mais me preocupa, é o fato de muitas pessoas contribuírem com sua crueldade.
Me fere esse preconceito e discriminação sofrida por essas pessoas, a grande maioria fundada e descabida, me dói ter que vê-las se escondendo por medo de serem apontadas, ou medo de serem rejeitadas, e tudo pela falta de informação ou pela propagação de mitos que já caíram desde a descoberta do vírus.
Eu na minha função de cidadão, pessoa que ama, escrevo para te dizer que o que depender de mim, espalharei por aí todas as verdades sobre o assunto, irei onde for, gritarei se for preciso, escreverei nas paredes e nos muros se possível, mas farei com que ao menos as pessoas a minha volta saiba que conceituar antes de saber é doentio, perigoso, compartilharei, me doarei, farei da minha voz uma luta constante para que nenhum dos meus e meus são todos nós, sofram pelo que são.
Dona AIDS, infelizmente ainda não descobriram como te tirar das nossas vidas, mas eu estou te enviando um recado: não ouse ferir os meus amores, os desavisados ou esquecidos, estarei pronto para enfrentar tudo de ruim que você causar dia a dia, momento a momento, porque mesmo no escuro eu terei uma luz para me guiar e um guia para te enfraquecer.
Atenciosamente: Esperança.
